7.9.12

Arrependimento, expiação e reparação


por Solano Reis

O vocábulo arrependimento no dicionário é definido como:  ter mágoa ou pesar dos erros ou faltas cometidas. Mudar de opinião, parecer ou propósito. O termo tem origem latina poenitite, “sentir pesar”, de poena, “punição, castigo”, daí a origem da palavra “pena”.
Expiação, segundo os dicionários, é sofrer, reparar ou remir um crime, uma falta, uma pena. São sinônimos de expiar os termos pagar, purgar, remir e resgatar.
Reparação, por sua vez, significa ato ou efeito de reparar; restauração, conserto. reparação de uma ponte. É sinônimo de conserto, reforma, refazimento, reparo, retratação.
Durante nossa existência física e espiritual experimentamos vivências diversas. Encontramos aqui e ali, mesmo dentro da família, antigos desafetos que foram se tornando antipáticos diante de problemas de relacionamentos. Um ou outro prejuízo que causamos, um ou outro prejuízo que foram nos foram causados. Ao longo dos tempos encontramos momentos para resolver estas questões.
Porém, às vezes, os seres  se encontram tão concentrados na vida cotidiana, nos seus planos de sobrevivência, na sua luta pela conquista de espaço profissional e social e, assim, vão adiando os momentos para a recomposição dos danos. Muitas vezes os indivíduos esperam pela ação do outro, que sinalizem com pedido de acordo, de paz. Se este sinal não é dado, não tomam a iniciativa de dar o primeiro passo. Outras vezes ocorre o esquecimento dos males que foram causados aos outros. O orgulho e a vaidade, por vezes, impede que se dê a reconciliação . 
Os delizes eventualmente  cometidos ao longo da existência, no entanto, são passíveis de reparação. Porém, são necessários três passos para que o que foi mal feito seja reconsiderado.  Allan Kardec, na obra O Céu e o Inferno,  destaca que 
o arrependimento, a expiação e a reparação constituem as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e de suas consequências. 
O arrependimento, conforme o Codificador, suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.
O arrependimento vai depender do conhecimento do indivíduo. Ou seja, ele deve saber que errou, que prejudicou a si mesmo e a outro por determinado fato e,  a partir daí, compreender que estava errado, que precisa superar aquela situação.
O indivíduo que é incapaz de  retificar seus atos falhos permanece continuamente trazendo prejuízos  a ele e às outras pessoas. Esses problemas vão se materializar em sofrimentos futuros. Isso ocorre  porque
cada indivíduo é o destinatário de suas ações. Tudo o que é semeado faz parte da colheita. De maneira reflexiva se deseja o  mal a alguém, se odeia, se é maledicente, desagregador, desarmonizador, colhidos são os resultados disto tudo em forma de desarmonias, doenças físicas, desânimo, depressões, infelicidade.
O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo; se for tarde, porém, o ser sofre por mais tempo. 
E a expiação, do que se trata? 
Allan Kardec esclarece que a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são consequências das escolhas atuais ou de vivências antigas. É importante compreender que a expiação não é um castigo divino, mas sim o reflexo das próprias ações humanas. É o verdadeiro resultado de suas escolhas. É o pagamento das suas dívidas. 
O corpo físico, ao longo das existências vai experimentando os sofrimentos que os seres proporcionam aos seus irmãos. É a justiça sendo feita. 
O objetivo  não é a punição, o castigo, mas sim uma lição que deve ser entendida pelo que causa o sofrimento de seu irmão de que deve modificar seu hábito, progredindo assim, mesmo que lentamente, na escala espiritual.
Porém, não basta o arrependimento (que é o conhecimento e o reconhecimento do erro) e a expiação (que é o sofrimento físico recebido como resultado das nossas ações). Para que o processo de crescimento espiritual do ser seja completo e a falta seja esquecida por todo o sempre é necessário o terceiro passo; a reparação. 
Kardec elucida, com clareza a questão, dizendo que  “a reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal”. 
Diz ainda Allan Kardec, quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntaria-mente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. 
A reparação poderá ser implementada no dia a dia, através da modificação de hábitos, de atitudes. Cada dia que nasce é uma oportunidade a mais que o Criador concede às criaturas. Reatar relacionamentos, perdoar os desafetos, recompor os laços, esquecer as dívidas são fundamentais para que o ser se afaste das amarras que o seguram no sofrimento. 

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