7.9.12

Pais autoritários ou autoridades?


As diferentes formas de relacionamentos entre pais e filhos tomam largo tempo em nossas reflexões e conversas. Embora estejamos sempre buscando crescer no entendimento dessas relações, sabemos que não existem fórmulas perfeitas, devido às complexidades dos indivíduos envolvidos e aos diferentes tipos de famílias existentes hoje. Mas, um artigo do psicólogo, escritor e palestrante Gilberto Gnoato revelou de forma tão precisa o que observamos nos dias de hoje, ao presenciar tamanha falta de educação de um aluno perante ao seu professor, a quem deveria ter consideração pela sua figura de autoridade. Ele diz: “Nem tudo que é moderno é bom. No entanto, a escola e a família tendem a aceitar o que a mídia e o senso comum adotam como critérios para uma educação “moderna”. Atualmente, o discurso de que tudo deve ser decidido “democraticamente”, digual para igual, produziu algumas distorções no campo das relações pais e filhos, em especial, sobre a figura paterna. Na Europa e Estados Unidos, só para citar dois exemplos, a noção de igualdade ordena-se pela seguinte lógica: todas as crianças são iguais entre elas e todos os adultos são iguais entre eles. No entanto, a categoria filhos e a categoria pais são diferentes, pois não pertencem ao mesmo universo de igualdade.
 
No Brasil, há quem diga que os pais de hoje são a última geração de filhos que obedecem aos pais e a primeira geração de pais que obedecem aos filhos.” A abertura democrática, o avanço da mulher no mercado de trabalho e a noção de igualdade entre os sexos mudaram as famílias, que adquiriram mais direitos do que afetos e mais ideologias que relacionamento e se impôs equivocadamente a noção de que crianças e adultos são iguais, como forma de abolir o autoritarismo dos pais. A noção de autoritarismo está confundida com a noção de autoridade. “O autoritarismo advém historicamente do patriarcado coronelista. Um modelo de família em que o pai mandava, sem racionalidade ou afetividade e a esposa e filhos obedeciam. Este modelo vem se dissolvendo desde o século passado, por isto a busca de um novo modelo que não fique apenas sob a tutela do pai e nem uma família que fique sob a tutela do Estado que, com a Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, promove formas burocráticas de interação pais e filhos. No entanto, educação não se faz por leis, por racionalidade e muito menos por ideologias socializantes. 
Educação se faz com a firmeza da palavra e com o exemplo dos pais. As crianças estão perdendo o discernimento de onde termina o eu, onde começa o outro, já que a noção de autoridade está esfacelada num Brasil cujos políticos são autoritários, mas não possuem “autoridade” para governar. Num Brasil onde crianças e adultos estão a cada dia ficando mais iguais. Elas, mais adultecidas e eles cada vez mais infantilizados. Pais adultescentes que não conseguem crescer. Sem diferença, não haveria vida psíquica. A autoridade, é o corte, a fronteira que marca o limite de onde termina o eu, onde começa o outro. A criança precisa perceber que existe algo que fala acima dela e que lhe é superior . O símbolo paterno/materno deve fazer o seguinte corte: “você não pode fazer tudo o que quer”. No início da vida a mãe tem a função primordial de acolher o bebê, dando-lhe proteção e afeto. Mais tarde, ele descobre que a mãe não é tudo. Esta deixa de ser a fonte única das identificações da criança. Caberá ao pai, descolar o filho da mãe, colocando-se entre os dois, para inaugurar a árdua tarefa desta criança em lidar daqui para frente, com a presença do que é diferente da mãe. O enfraquecimento da “autoridade simbólica” do pai tem produzido, especificamente nos adolescentes do sexo masculino, a falta do reconhecimento da existência do outro, a favor da satisfação do eu. Se no passado, as relações entre pais e filhos estiveram demasiadamente verticalizadas, hoje elas estão equivocadamente horizontalizadas. “Os pais estão perdendo a capacidade de imprimir sentido e significado na vida dos filhos, pois, temem se apresentar como uma geração que veio antes e que está acima deles.” Pois, isso implica em assumir responsabilidades e compromissos definidos pela sua posição de pai, que por conta do relaxamento de suas obrigações, ficou em segundo plano. “As leis psíquicas de reconhecimento da existência do outro se instauram pela diferença e não pela igualdade, pois o que é igual, não tem autoridade!” Como define a Doutrina Espírita “É preciso respeitar as diferenças!”

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