5.8.11

Pais e mães bem resolvidos

O ação dos pais é fundamental
na construção de identidade familiar
Por Jerri Almeida*

Os pais, mesmo que sintam dificuldades no desempenho de seus papéis, são responsáveis diretos por seus filhos, pelas decisões que assumem ou que deixam de assumir no território da proteção e da educação profunda. Por educação profunda, compreendemos não somente a ação de “formatar” hábitos básicos, embora importantes, como: “arrumar a cama ao levantar”, mas associamos, nesse conceito, todos os esforços dos pais para o desenvolvimento pleno de seus filhos, sobretudo, como cultivadores do amor e de espiritualidade. 
Pesquisas apontam que o relaxamento com os laços familiares gera doenças e promove insegurança afetiva. A constatação é da cientista da Universidade da Califórnia (EUA), Rena Repetti, após reunir mais de 500 estudos sobre a relação entre família e saúde. A pesquisadora constatou que “crianças que crescem num ambiente de acolhimento e segurança emocional, em geral, são providas de maior senso de integração social e mais capazes de regular o próprio comportamento para manter a saúde do corpo e da mente...”.
As pesquisas comprovaram que: “viver em famílias cujo cotidiano é marcado por episódios de raiva e agressões tornam crianças, adolescentes e adultos vulneráveis a uma ampla gama de males físicos e mentais.” Uma família bem resolvida é aquela onde se administra positivamente os desafios cotidianos e os problemas são enfrentados com diálogo e responsabilidade, conforme os papéis assumidos. Dessa forma, as relações familiares, quando bem conduzidas, diminuem ou anulam os comportamentos de riscos como o caso da dependência química de remédios e demais drogas.
 
Sabemos, à luz do Espiritismo, que o Ser espiritual renasce no corpo físico, muitas vezes, com certas predisposições para determinados comportamentos, seja no que tange ao uso de substâncias causadoras de dependências, ou a certas tendências de rebeldia e agressividade. Muitas vezes, esses componentes estão todos misturados na herança profunda, de si mesmo, que o espírito traz para a existência atual. 
Fala-se tanto em educação dos filhos e, ao que parece, os responsáveis pela ação educativa – que nem sempre são os pais, como no caso do neto que mora somente com os avós – permanecem confusos sobre o que seja realmente educar. Percebe-se uma perda dos referenciais de valores, ao mesmo tempo em que  muitos se deixam levar pelo relativismo e pela permissividade. 
O papel dos pais é fundamental na construção de uma identidade familiar, pois essa identidade se forma através do compartilhar das afinidades e das responsabilidades, tanto nos momentos de lazer em conjunto, como naqueles em que se demonstra cuidado, incentivo, fidelidade e acolhimento. 
A ideia de identidade familiar está, essencialmente, relacionada com a questão dos vínculos e com a convivência. A forma como o casal edifica essas relações e os valores que imprimem no lar colaboram para criar uma imagem sobre a própria família. Para os filhos, poderá ser uma representação positiva de acolhimento e orientação, ou negativa, de indiferença e frieza emocional. No primeiro caso, teremos uma imagem da família que irá fortalecer a sua identidade, enquanto no segundo caso, haverá um distanciamento da noção de identidade, pois os vínculos e os relacionamentos serão superficiais. 
Muitos casais e muitos pais parecem, na atualidade, viverem o dilema de Alice: não sabem aonde querem chegar. Num mundo onde os valores se fragmentam, muitos questionam a própria identidade da família. Pais perdidos e sem referenciais, não sabem que caminho adotar na educação de seus filhos, Veem-se no dilema ou na ambivalência cultural que ora preconiza a imposição de limites, e ora defende a autonomia, a liberdade. 
Os vínculos, geradores de segurança emocional podem ser fortalecidos através do compartilhar das afinidades e das responsabilidades, tanto nos momentos de lazer em conjunto, como naqueles em que se demonstra: cuidado, zelo, incentivo, fidelidade, compreensão, quer na relação conjugal como entre pais e filhos, sem castrações e sem permissividades. 

*Jerri Almeida é palestrante espírita e escritor. Outros textos de sua autoria estão no blog Diálogos Filosóficos

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