Recomeçar

“(...) Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”   Chico Xavier

Sobre o tempo:

“Em Física, tempo é a grandeza física diretamente associada ao sequenciamento, mediante ordem de ocorrência, de eventos coincidentes (...)”. 1

“O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias (...)”. 2

Tendo o senso comum de que o tempo é apenas a constatação das mudanças que ocorrem no universo, e obviamente em nós, que dele fazemos parte, decorre que o que fizermos ou deixarmos de fazer seremos nós os criadores deste “tempo”.

Apesar de um tanto óbvias estas constatações, no plano material, torna-se um pouco mais difícil transportá-las ao plano espiritual, visto que nós, atrelados ao primeiro, temos-lhe pouca noção quando a consciência transita no segundo.

Como criação, somos frutos do Pai. Como construção, “somos herdeiros de nós mesmos”, conforme intitula Manoel Philomeno de Miranda, na obra Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos, psicografada por Chico Xavier.

Na pluralidade das vidas que todos nós vivemos, entre encarnações e erraticidade, cada uma delas é uma estrutura que se agrega ao nosso ser, no evo.

Cientes dessa composição da qual somos o condutor, forçoso é chegar à conclusão que temos que buscar agregar à nossa individualidade toda a experiência frutuosa, sadia, venturosa e íntegra, para trilharmos com segurança o luminoso caminho da evolução.

Para nós que hoje comungamos a existência na Terra, essa busca do melhor não passa necessariamente por rasgados gestos de caridade, titânicos esforços para salvar humanidades ou flagelos pessoais na obediência a práticas violentadoras de res-trições de comportamento.

A conquista de um tempo melhor faz-se no nosso dia a dia das experiências mais comezinhas às mais desafiadoras.

A construção do “nosso tempo” é um compromisso que cada um tem consigo mesmo, no esforço diário para contemplar-se no espelho da consciência, constatando mazelas a resolver; exercitando a tolerância diante do outro; conquistando o ato do perdão aos que nos atingem, enxergando a irmandade à qual pertencemos, partilhando o que tivermos de melhor a dar a quem não tem, ou deixando de ter o que não necessitamos.

E para tudo isso há tempo.

Sim, há tempo, porque o tempo é uma riqueza que Deus nos dá como possibilidades, como oportunidades de “fazer diferente”.

O tempo desperdiçado transforma-se em dívida a ser paga, compulsoriamente, no seu tempo.

O registro do que foi está em nossa consciência. O registro do que será ainda não existe, está em branco, aguardando que nós o criemos.

E para isto existem infindos caminhos que o Pai nos oferta.

Sabendo disso, compromissados ficamos com nossa consciência de buscar, incessantemente, novos tempos, novos recomeços.

A Doutrina dos Espíritos nos consola com o conhecimento de que Deus é Justo, Perfeito e Bom, que nos dá as experiências da reencarnação, do esquecimento temporário, do perdão que podemos dar e receber.

E a cada vida, a cada dia, hora e segundo, este livro aberto e em branco aguarda o depósito de nossa mão para escrever uma história mais venturosa.

Reiniciemos então, nós que aprendemos, praticamos e simpatizamos com a Doutrina Espírita, um novo ciclo de estudo, de aprendizado, de experiências renovadoras da consciência ampliada, que nos fortalece a fé inabalável.

Sempre é tempo de recomeçar!

[1] Wikipedia

[2] A Gênese - Allan Kardec