Jerri Almeida
Em seu livro No Invisível, o inspirado pensador que foi Léon Denis, dedicou um capítulo para falar sobre a mulher. Para ele, ela se revela com uma sublime função: a de “mediadora da natureza”. Sendo a geradora da vida biológica, é – por seu turno – a mediadora entre o mundo físico e o espiritual, visto que por ela, o espírito retorna ao cenário da existência corporal.
Erich Fromm, o notável filósofo e psicanalista alemão asseverou, em seu livro A arte de amar, que o maior exemplo de amor incondicional que poderíamos encontrar na Terra é o amor de mãe. O seu corpo modifica-se e ela dedica nove meses para receber o ser amado. Após o nascimento, quando o filho pequeno chora na madrugada fria, ela levanta-se para atendê-lo. Ela, historicamente, tem se dedicado ao labor da educação dos filhos, monitorando-lhes o comportamento, no ensejo de lhes guiar rumo ao valores maiores da vida.
É bem verdade que, no mundo contemporâneo, temos visto exemplos de mães que, em função de um individualismo hedonista, renunciaram a esse imperativo. Mães que, um dia, ensejaram o papel da maternidade, passam depois, a terceirizar a educação de seus filhos, delegando ao pediatra, ao professor, ao evangelizador, o papel que é próprio da família. As mães também são seres humanos, sim! E, portanto, acertam e erram.
Ocorre que nossa cultura atual criou um estereótipo da mulher-mãe: “magra, bem-sucedida profissionalmente, independente, sedutora, inclusive com certificação da ONU de mulher poderosa...”. Ora, essas representações sobre o feminino, sem nenhuma crítica de nossa parte, parecem negar aquela sensibilidade da mulher, explícita no papel da maternidade e nas responsabilidades daí decorrentes. Com isso não estamos defendendo que a mulher deve ocupar-se exclusivamente dos filhos, do marido, e esquecer-se de si mesma, como no passado. Apenas consideramos que a mulher que optou por ter filhos, não menospreze o admirável papel que lhe cabe, em conjunto com o marido, na educação desses filhos.
O Espiritismo, em seu amplo contexto doutrinário, veio ressaltar a importância para o espírito reencarnar-se na condição feminina, tendo por experiência singular a maternidade. Dessa forma, a mulher torna-se co-criadora da vida e, portanto, mediadora da natureza, pois que – por ela – abrem-se as portas da reencarnação, permitindo a grande travessia do espírito para uma nova jornada evolutiva.
A mãe continua sendo um ponto de referência insubstituível na perspectiva psicológica do acolhimento, proteção, educação e espiritualização dos indivíduos. Não se trata de uma sacralização do feminino ou da maternidade, mas de reconhecermos, ainda mais nos dias de hoje, que a mãe que se compromete com o papel que lhe é inerente, torna-se verdadeiramente digna de ser homenageada e eternizada como uma cooperadora da vida.
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