7.7.10

O papel do sentimento no crescimento

Júlia, de sete anos, era uma menina difícil. Ficava frequentmente zangada,  tinha um comportamento agressivo, o que dificultava muito o seu relacionamento com as outras crianças. 
Mordia, chutava e arranhava qualquer pessoa que a perturbasse, e seus acessos de raiva eram exaustivos para todo mundo, inclusive para ela.
Alarmados e confusos com o comportamento da filha, seus pais procuraram ajuda profissional.
Quando a psicóloga Paula viu Júlia pela primeira vez, soube que tinha um traba-lho difícil pela frente. A menina, sentada no chão no meio do quarto, quebrava os seus brinquedos. Perguntar-lhe por que ela estava sendo tão destrutiva. Era inútil, porque a menina não sabia. Estava externando sentimentos que trazia dentro de si, e que não conseguia expressar de outra maneira.
Paula compreendeu isso. Era muito claro que Júlia estava zangada, mas era mais difícil perceber que a raiva encobria o medo que ela tinha. Paula sentiu que precisava acolher os sentimentos de Júlia, de uma maneira que a fizesse sentir-se segura.
Como Júlia se expressava mais fisicamente, Paula tinha que lidar com ela nesse nível. Se Júlia gritava, Paula dizia: “Estou vendo que você está mesmo muito zangada!” Mas, se Júlia quisesse arranhar ou morder, Paula a segurava com firmeza até que ela se acalmasse. Como a menina estava ao mesmo tempo zangada e com medo, Paula precisava respeitar essas emoções no relacionamento entre as duas. Ela queria ajudar Júlia a expressar todas as emoções, não somente a raiva.
Com o tempo da terapia, Júlia mudou. Socialmente ainda muito inábil, deixou de ser tão violenta como antes. É mais capaz agora de falar sobre seus sentimentos, de modo que tem menos necessidade de externá-los por meio de ações.

 Júlia aprendeu que pode expressar o seu medo e mesmo assim ser bem recebida pelos outros, o que a fez sentir-se mais segura. Ela cresceu como pessoa porque consegue manifestar melhor suas emoções. A habilidade com que Paula acolheu os sentimentos de Júlia foi uma liberação para a menina. O relacionamento das duas é um exemplo do crescimento que pode acontecer quando acolhemos amorosamente todas as emoções que alguém nos traz, exatamente como Jesus Cristo fazia.
Ele, exemplo de amor, de bondade  e compreensão, sempre recebeu bem as crianças. Conhecia como ninguém  a importância de ser receptivo à abertura delas. 
Hoje sabemos que o cérebro humano precisa experimentar a acolhida aos sentimentos para poder desenvolver-se mais adequadamente.

Identificando os sentimentos

Cada vez que uma criança é capaz de identificar um sentimento, como: “Eu estou triste” ou “Eu estou feliz”, ela desenvolve uma noção mais forte de quem é o “eu” que está tendo o sentimento. A criança descobre de onde estão vindo esses sentimentos tristes ou alegres e começa a identificar o que a faz ficar de tal maneira, aprendendo então a respeitar-se, defendendo-se do que não a faz bem e buscando o que lhe conforta. 
Os pais que acolhem os sentimentos de seus filhos, sem menos-prezá-los, e sem ironias, estão na verdade ajudando-os a solidificar uma identidade verdadeira, sem falsidades, que os conduzirá através da vida. 
Ajudar as crianças e os adultos a identificar os seus sentimentos os ajuda a crescer.
O ardente desejo de Jesus de acolher as crianças é um exemplo para todos nós. Ao receber com alegria a espontaneidade emocional das crianças, ele estava estimulando o crescimento delas. A sua capaci-dade de acolher tornou-se a marca registrada da sua presença benéfica que era sentida por todos que o encontravam.

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