10.6.11

O direito à esperança

A televisão acaba de anunciar um novo crime. Os pais, Laura e Miguel, comentam com horror: 
- “Já não se consegue viver, há mortes por todos os lados. Você sai na rua e não sabe se volta. Acho que é melhor ser ladrão que matar-se de trabalhar”.
Mais tarde, deitados, começam a pensar: “Deveriam desligar a TV quando estão jantando com Tami? Deveriam evitar estes comentários quando jantam juntos? - Palavras como estas são frequentemente escutadas nas relações familiares quando se celebram aniversários, ou nas reuniões de pais dos amiguinhos de Tami no Jardim.
- Como faziam seus pais?,  pergunta Miguel a Laura.
-Na minha casa não víamos TV durante as refeições, além do mais os noticiários não apresentavam tantas “coisas feias”, mas meu pai sempre me dizia que se eu estudasse e trabalhasse progrediria e que o mundo estava melhorando.
-Será que ele estava mesmo convencido disto? - pensou Miguel em voz alta.
-Imagino que por um lado sim, e que, além disto, sabia que esta era uma mensagem que me fazia bem. Sinto que ele fazia de tudo para me agradar.
Conversas como a de Laura e Miguel são cada vez mais frequentes, como as situações de violência pela TV.
Por que Laura e Miguel não podem dizer a Tami que, ainda que aconteçam algumas coisas negativas e existe gente má, a maioria não é assim? Por que tem de escutar que terá de viver em um mundo onde todas as pessoas são corruptas, e podem matar em qualquer lugar? Em primeiro lugar, é discutível que vivamos em um mundo pior que o de nossa infância; pode ser em alguns aspectos, mas, em outros, não. Agora, com certeza é uma mensagem que torna muito mais complexo o crescimento das crianças. Devemos sempre dizer “a verdade” ou aquelas “zonas” da verdade que lhes permita crescer?
Nossos pais estavam certos que deveriam “guardar” determinadas coisas na intimidade, porque poderia prejudicar-nos escutá-las.
Para nós, os novos adultos, é muito mais difícil “guardar” o que pensamos ou sentimos, por acreditarmos que assim é muito melhor, além de tudo, é difícil conter-nos.
Parece que chegou a hora de revisar esta idéia da verdade, pensar se não devem existir “divisórias” entre o mundo dos adultos (real) e o das crianças (imaginário). Não sentirmo-nos incomodados quando lhes dizemos que é uma conversa “de adultos”, que, na maioria dos casos, não faria mais do que paralisá-los, assustá-los, minar seu otimismo natural.
As crianças têm direito à esperança. É uma injustiça que existam alguns adultos que estejam mais preocupados em dizer “o que sentem” (como os adolescentes), do que “o que devem”. Provavelmente necessitemos reconsiderar algumas das estratégias de nossos pais, com respeito ao “segredo dos adultos”.
Não para imitá-los, mas sim para encontrar um equilíbrio na “honestidade brutal”.
Tami vai ao Jardim com seu pai - ele, com seus gestos e palavras, lhe assegura que nada lhe acontecerá porque está cuidando dela, sua mãe a animará sempre para mostrar-lhe que vale a pena ser “gente boa”, como o tio Mário, como Cláudia e João, os amigos da família, e Rosa e Nelson, os vizinhos.
Tami lhes perguntará se existe gente má, se acontecem coisas feias no mundo, e eles lhe dirão que sim, mas a maioria das pessoas não é assim, e a convidarão a fazer coisas e a trabalhar por um mundo melhor. De vez em quando, em uma conversa íntima durante a noite, se perguntarão se estão agindo bem. Bastará ver Tami crescer, esforçar-se para melhorar e ser uma boa pessoa, para encontrar a resposta.

Conjer 2011

Pensando no presente dessas crianças e jovens está sendo preparada a CONJER – Confraternização de Jovens Espíritas da 10ª Região, que neste ano será em Osório, entre 19 e 20 de novembro, com o tema: “Fé no futuro”,  abordando os assuntos mais preocupantes da atualidade. Esperamos a Juventude em massa, com todo o seu vigor, para trocarmos ótimas ideias.

DIJ (Departamento de Infância  e Juventude).

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