- Se
compararmos o homem e os animais sob o ponto de vista da inteligência, a linha
de demarcação parece difícil de se estabelecer, porque alguns animais têm, sob
esse aspecto, uma superioridade notória sobre alguns homens. Essa linha pode
ser estabelecida de uma maneira precisa?
– Sobre esse
ponto vossos filósofos não estão de acordo em quase nada: uns querem que o
homem seja um animal e outros que o animal seja um homem; todos estão errados.
O homem é um ser à parte que desce muito baixo algumas vezes, ou que pode se
elevar bem alto.
Pergunta 592 do Livro dos Espíritos
A conscientização da Humanidade com relação ao trato dos
animais tem mudado significativamente ao longo dos séculos.
Hoje em muitos países
existe legislação específica que garante a esses também seres da Criação Divina
alguns direitos que são relativos às interpretações filosóficas e religiosas de
cada país.
Nas postulações da Doutrina Espírita, tudo é criado por
Deus, e toda a criação, em se falando do princípio inteligente e espírito, é
criado “simples e ignorante” (pergunta 115 do Livro dos Espíritos).
Nesse contexto, assim como as matérias inertes, as plantas e
o Homem, o animal faz parte desse processo.
O Homem, sob o ponto de vista material, é também um animal.
Contudo, dadas às suas conquistas intelectuais e evolução espiritual, que lhe
dão a inteligência e consciência de Deus, o torna um ser à parte dessas
considerações.
Quando observamos as diversas espécies de animais, dos
zoófitos aos que mais manifestam semelhança ao homem (no aspecto físico ou no
comportamento), percebemos que ali neste reino existem evolução. A ciência dos
homens nos comprova isso, todos os dias.
Contudo, não podemos nos deixar influenciar pelas aparentes
semelhanças humanas de muitos animais, que tocam nossa emoção, ou de
semelhanças animais que muitos homens
manifestam, entristecendo-nos.
Naqueles que já dispõe de um conhecimento das coisas do
plano espiritual, sabe-se que o sofrimento para o Homem é sempre expiação ou
reparação.
Essa expiação ou reparação é consequência de seus atos
pretéritos, cometidos numa situação de livre arbítrio, ou seja, sabe o que é
mal, mas mesmo assim o comete. Aí ainda prevaleceu o estágio animal, ainda
presente.
Nos animais, a dor (seja imposta pelas leis de
sobrevivência, fatos da natureza ou mau trato pelo homem) não é uma expiação, e
sim uma contingência da Ordem Divina, que existe para impulsionar o ser em
evolução.
Como nos diz Herculano Pires, em O Homem Novo : “A dor nos animais é um agente de excitação
psíquica, auxiliando o despertar das faculdades do "princípio
inteligente". Nos homens é uma reação provocada pelos abusos de livre
arbítrio.”
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