5.3.13

O animal e o homem


- Se compararmos o homem e os animais sob o ponto de vista da inteligência, a linha de demarcação parece difícil de se estabelecer, porque alguns animais têm, sob esse aspecto, uma superioridade notória sobre alguns homens. Essa linha pode ser estabelecida de uma maneira precisa?

– Sobre esse ponto vossos filósofos não estão de acordo em quase nada: uns querem que o homem seja um animal e outros que o animal seja um homem; todos estão errados. O homem é um ser à parte que desce muito baixo algumas vezes, ou que pode se elevar bem alto.

Pergunta 592 do Livro dos Espíritos


A conscientização da Humanidade com relação ao trato dos animais tem mudado significativamente ao longo dos séculos.
 Hoje em muitos países existe legislação específica que garante a esses também seres da Criação Divina alguns direitos que são relativos às interpretações filosóficas e religiosas de cada país.
 Nas postulações da Doutrina Espírita, tudo é criado por Deus, e toda a criação, em se falando do princípio inteligente e espírito, é criado “simples e ignorante” (pergunta 115 do Livro dos Espíritos).
 Nesse contexto, assim como as matérias inertes, as plantas e o Homem, o animal faz parte desse processo.
 O Homem, sob o ponto de vista material, é também um animal. Contudo, dadas às suas conquistas intelectuais e evolução espiritual, que lhe dão a inteligência e consciência de Deus, o torna um ser à parte dessas considerações.
 Quando observamos as diversas espécies de animais, dos zoófitos aos que mais manifestam semelhança ao homem (no aspecto físico ou no comportamento), percebemos que ali neste reino existem evolução. A ciência dos homens nos comprova isso, todos os dias.
 Contudo, não podemos nos deixar influenciar pelas aparentes semelhanças humanas de muitos animais, que tocam nossa emoção, ou de semelhanças animais  que muitos homens manifestam, entristecendo-nos.
 Naqueles que já dispõe de um conhecimento das coisas do plano espiritual, sabe-se que o sofrimento para o Homem é sempre expiação ou reparação.
 Essa expiação ou reparação é consequência de seus atos pretéritos, cometidos numa situação de livre arbítrio, ou seja, sabe o que é mal, mas mesmo assim o comete. Aí ainda prevaleceu o estágio animal, ainda presente.
 Nos animais, a dor (seja imposta pelas leis de sobrevivência, fatos da natureza ou mau trato pelo homem) não é uma expiação, e sim uma contingência da Ordem Divina, que existe para impulsionar o ser em evolução.
Como nos diz Herculano Pires, em O Homem Novo: “A dor nos animais é um agente de excitação psíquica, auxiliando o despertar das faculdades do "princípio inteligente". Nos homens é uma reação provocada pelos abusos de livre arbítrio.”
 Não com isso se justifica o ato do Homem em malbaratar a vida dos irmãos em estágios ainda inferiores, muito pelo contrário. Ali o Homem, ainda atrelado a instintos primários, também se compromete, na proporção que a Justiça Divina assim o arbitra.
 Como encarar então as tantas situações em que desenvolvemos o apego aos irmãos de Universo, que muitas vezes podem tumultuar julgamentos de mérito ou convivência em nossa vida ou comunidade?
 Não podemos inserir o animal e o Homem nos mesmos parâmetros de comparação.
 Na convivência com um e com outro, não será caridade tratar o animal como se fosse Homem ou Homem como se fosse animal.
 Cada um precisa vivenciar suas experiências, pois tem necessidades psíquicas e espirituais diferentes.
 Cabe-nos identificar quais os limites da nossa interferência, para que, em ambos os casos, amparemos cada um desses irmãos a seguir o seu caminho, mesmo que convivendo muito proximamente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário