7.5.13

Tempo de relfexão

Jerri Almeida

No ano em que nossa Instituição comemora seu cinquentenário, o conjunto de atividades programadas, representa uma oportuna reflexão para também repensarmos os fundamentos do Espiritismo. Fixada em solo brasileiro desde os fins do século 19, a Doutrina Espírita foi sendo absorvida pela cultura brasileira, ou pelo menos, por certos setores dessa cultura, sendo não raras vezes, considerada mais uma religião, no universo das já existentes no Brasil.
O Espiritismo, sendo pouco estudado e realmente conhecido pelos próprios espíritas, foi na sua prática se distanciando, por vezes, da essência do pensamento kardequiano e de seus fundamentos. Muitas Instituições, espalhadas pelos diversos recantos, na expectativa de ganhar adeptos, agregaram em suas atividades, práticas estranhas ao Espiritismo, associadas à pretensão de cura de doenças, de rituais e de outros cultos e práticas esdrúxulas. Tudo isso, entre outros fatores, construiu na mentalidade popular, ao longo do tempo, um imaginário equivocado sobre os fundamentos, práticas e princípios do Espiritismo. 
Atualmente, muitos pensadores espíritas, retomam os estudos aprofundados, não somente sobre as Obras Básicas da Codificação, mas também sobre o próprio pensamento de Allan Kardec, sobretudo, em seus escritos na Revista Espírita, publicada por ele entre os anos de 1858 a 1869, sem o qual não se consegue adentrar mais profundamente no que realmente é o Espiritismo. 

Surge, no contexto atual, a necessidade de revisitarmos Kardec para melhor desvelarmos os fundamentos dessa Doutrina. Quando o fazemos, com o rigor metodológico ensinado pelo próprio Kardec, passamos a divisar os fundamentos não de mais uma religião, mas o de uma filosofia moral (sem ser moralista), racionalista, que se apoia na investigação dos fatos e dos fenômenos espirituais, para deles desvelar as leis naturais da vida. 
A força do Espiritismo, como alertou Kardec na Conclusão VII de O Livro dos Espíritos, está na sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso. Querer associar o Espiritismo ao conjunto das crenças religiosas, sem nenhum demérito, é atestar o desconhecimento tanto de sua elaboração, quanto de seu verdadeiro caráter. Vivemos tempos de reflexão, onde o conhecimento espírita, em suas bases mais profundas e com seu dinamismo essencial, deve ser retomado ou revisitado pelos dirigentes e trabalhadores das Instituições espíritas, na perspectiva de que assim, possamos nos aproximar, o máximo possível, do pensamento de Kardec e dos orientadores espirituais que participaram da elaboração de O Livro dos Espíritos e das demais obras básicas. 
O caráter científico do Espiritismo, por vezes ignorado por alguns, deve ser urgentemente retomado, para que os espíritas não se distanciem do pensamento racional apresentado pela teoria espírita do conhecimento. Sem isso, abrem-se espaços para o religiosismo e o dogmatismo, altamente prejudiciais para a saúde do conhecimento e da fé racional, nos moldes que propôs Allan Kardec. 
A Sociedade Espírita Amor e Caridade cumprindo seu papel singelo e distante de qualquer perspectiva missionária, renova o seu compromisso com Kardec e com os fundamentos do Espiritismo, oportunizando aos seus frequentadores o contato com o pensamento espírita de forma clara, sem abandonar suas bases epistemológicas. 

Por Jerri Almeida

Fotos da Sessão Comemorativa dos 50 anos da SEAC, em 20 de abril de 2013











Nenhum comentário:

Postar um comentário